A possível delação de Cícero Marcelino, assessor da Confederação Nacional dos Agricultores e Empreendedores ( Conafer ), pode ampliar o número de parlamentares mineiros citados no esquema conhecido como Farra do INSS, segundo o jornal Metrópoles.

Cícero era responsável por movimentar os valores desviados dos contracheques de aposentados e distribuí-los aos beneficiários do esquema por meio de empresas de fachada. Ele está preso desde o início de novembro, na região de Presidente Prudente (SP). Sua defesa estuda agora um acordo de delação premiada com a Polícia Federal ( PF ).

A expectativa é que Cícero detalhe o fluxo do dinheiro desviado e identifique os responsáveis por dar suporte político à operação ilegal. A PF já descobriu que uma lotérica em Governador Valadares era usada para o pagamento de propina a um grupo político que incluía o deputado federal Euclydes Pettersen ( Republicanos-MG ) e assessores. Em reportagens anteriores, Pettersen negou qualquer irregularidade.

Investigações indicam, contudo, que outros nomes da política mineira também teriam sido beneficiados, entre eles um senador e outro deputado federal, o que aumenta a pressão para que Cícero firme a delação.

A esposa do assessor, Ingrid Pikinskeni, também é investigada por abrir empresas que teriam sido usadas na distribuição dos recursos desviados. Ela foi alvo de mandados de busca e apreensão no início de novembro.

Cícero já havia prestado depoimento à CPMI do INSS em 16 de outubro, quando parlamentares tentaram convencê-lo a colaborar com as investigações. Agora, preso e diante do risco de implicações para sua esposa, o cenário é considerado mais favorável para o acordo. Enquanto isso, o presidente da Conafer, Carlos Lopes, segue foragido da Polícia Federal.