O governo Lula quer transformar o transporte público gratuito em uma das principais vitrines de sua campanha à reeleição em 2026.
Mas o tempo é curto: a proposta precisa sair do papel antes das restrições impostas pela lei eleitoral.
O projeto ainda está em fase embrionária.
Não há modelo pronto nem cenário definido para apresentar à população. Mesmo assim, o presidente encomendou ao Ministério da Fazenda, em agosto, um estudo detalhado sobre os custos da medida em todo o país.
Mais do que estimar gastos, a equipe econômica também deve calcular os efeitos positivos da medida: quanto do dinheiro economizado pela população com transporte poderá ser reinjetado na economia por meio do consumo — e quanto isso poderá gerar de arrecadação.
O entorno de Lula vê a recente aprovação da isenção do Imposto de Renda para os mais pobres como um primeiro passo favorável nessa direção.
O tema também conta com simpatia no Congresso, especialmente no Senado.
Experiências já testadas em 138 municípios brasileiros com transporte gratuito permanente e estudos do setor privado realizados entre 2023 e 2024 apontam para impactos positivos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já conhecia propostas semelhantes desde sua gestão na prefeitura de São Paulo — uma delas, inclusive, surgiu pouco antes dos protestos de 2013, que começaram justamente por causa do aumento de R$ 0,20 nas tarifas e acabaram desaguando na crise que culminou com o impeachment de Dilma Rousseff.