O ex-funcionário de um bar de Belo Horizonte que teria cometido racismo contra um cliente na última semana está foragido da Justiça.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o homem identificado como Alessandro de Oliveira Pereira, de 36 anos, aparece dizendo que “preto tem que entrar no chicote” e “tomar água do vaso”, após uma mulher negra supostamente reclamar de um copo do estabelecimento.
O caso teria ocorrido numa das unidades do Bar dos Amigos, no bairro Universitário, na região da Pampulha, em BH, na última quarta-feira ( 16/10 ).
O proprietário do estabelecimento, o empresário Wallison Mateus, explicou que, tão logo soube do suposto crime, afastou o funcionário do quadro de trabalhadores.
“O pessoal começou a me mandar o vídeo pelo WhatsApp. Na hora que eu abri, mandei mensagem pro gerente pra apurar os fatos. Já não deixamos ele pegar serviço e, quando foi à noite, dispensamos ele”, conta.
No vídeo em questão, Alessandro critica a Lei Áurea, de 1888, que determinou o fim da escravidão no Brasil.
“Trabalhar em bar não é fácil não, tem que aturar cada uma. Maldita Princesa Isabel que assinou a Lei Áurea pra acabar com a escravidão.
Preto tem que entrar no chicote e no tronco mesmo. Não tem conversa não. Não sei se preto tem razão pra reclamar de copo, tem que tomar água do vaso.
Eu tinha que ter vivido na época dos barões, cortar essa raça no chicote”, diz no registro.
Segundo Wallison, Alessandro teria publicado o vídeo no status do próprio WhatsApp.
De acordo com a Polícia Militar, não houve boletim de ocorrência registrado sobre o caso.
No entanto, a PM aponta o histórico criminal do rapaz, que já havia sido preso por violência doméstica em 2022.
Antes disso, em 2018, Alessandro também já havia sido preso por estelionato em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, com golpe batizado “sonho americano”, em que prometia facilitar a entrada de brasileiros nos Estados Unidos.
A ficha do homem ainda envolveria registros de ameaça, difamação, agressão, furto, entre outros.
Ainda segundo a PM, Alessandro possui um mandado de prisão em aberto.
Acionada, a Polícia Civil não revelou sobre qual ocorrência seria o mandado, “em razão da Lei de Abuso de Autoridade e da Lei Geral de Proteção de Dados”.
Wallison explica que, ao contratar o rapaz para o bar, não se atentou com o passado. “Como a gente mexe com ‘butecão’, a gente vai por esse negócio de indicação, não faz muita questão de olhar muita coisa do passado da pessoa”, diz.
Apesar disso, o proprietário segue disponível para esclareciementos.
“Tem muita gente atrás dele. A Polícia já baixou lá no bar várias vezes.
Eu e o gerente já fizemos reunião com três investigadores da Civil. O que a gente puder cooperar, a gente coopera”.
Desde quarta-feira, Alessandro não é visto.
A reportagem é do BHAZ